O Flash Gordon de Buster Crabe


Buster Crabe e Jean Rogers (acima) são os astros do seriado de ficção-científica Flash Gordon, lançado em 1936. Dividido em 13 partes, esta foi a primeira produção cinematográfica a retratar o personagem de quadrinhos criado por Alex Raymond e publicado pela primeira vez em em janeiro de 1934. Crabe encarna o herói interplanetário, enquanto Rogers dá vida à sua namorada, Dale Arden. Nesta aventura, Flash Gordon chega ao Planeta Mongo, que é dominado pelo maligno Imperador Ming, interpretado por Charles B. Middleton (abaixo). Priscilla Lawson , como a Princess Aura, e Frank Shannon, como o Dr. Alexis Zarkov, são outros atores do elenco.

A Primeira a gente nunca esquece


Recorte do jornal Tribuna da Imprensa (RJ), que publicou uma matéria assinada por Tito Silveira sobre a exposição realizada em São Paulo.

Hoje, 18 de junho, se comemoram os 60 anos da Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos do mundo. Ela aconteceu em São Paulo, no ano de 1951, no Centro Cultura e Progresso, que ficava na Rua José Paulino, 64. Hoje, no endereço existe uma das dezenas de lojas de roupa que atraem milhões de comerciantes e sacoleiros à famosa rua de comércio popular da Capital paulista. Mas em 1951 abrigou uma iniciativa pioneira de cinco jovens artistas: Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado. Eles apresentaram as HQs como uma nova linguagem, uma nova arte. Porém, alguns contestam esse fato: “Essa não foi a primeira exposição de quadrinhos do mundo”. Não foi? Houve antes alguma exposição que tivesse a abrangência da brasileira? Foi uma mostra de desenhos ou foi uma exposição do trabalho de vários desenhistas de vários países? Por que tirar o mérito da nossa, que é reconhecida como a primeira exposição didática do mundo? Aos que questionam isso, o próprio Álvaro de Moya escreveu a carta que reproduzo a seguir. Vale a pena ler!


Acima, Flash Gordon, de Alex Raymond; Abaixo, Ferdinando (Li’l Abner) e o Shmoo, de Al Capp. Na foto mais abaixo aparecem Miguel Penteado e Jayme Cortez diante de originais de Hal Foster e Alex Raymond.

Primeira Exposição Internacional de
Histórias em Quadrinhos do Mundo?

Por Álvaro de Moya

Sei, sei.
Os irmãos Wright voaram antes de Santos Dumont e ninguém viu. Thomas Edison tentou registrar o cinematographo como invenção sua, mas um juiz americano vetou, alegando que o aparelho já existia. A única inovação era a cruz de malta. Ele registrou a cruz como sua e passou a cobrar um dólar de cada filme estrangeiro exibido nos Estados Unidos, conforme informou a revista Reader’s Digest. Isso até esse privilégio ser retirado pela Justiça dos Estados Unidos.

Santos Dumont desenhou o hangar e, provavelmente alguém já tinha pensado num relógio de pulso, antes do brasileiro e de Cartier. Bartolomeu de Gusmão fez o balão, Hércules Florense, a máquina fotográfica e um religioso de Campinas, a máquina de escrever.

Toda novidade surge num período em que há condições. Karl Marx escrevia O Capital, quando Engels fazia o mesmo e se associou a ele na teoria marxista. Darwin tinha pronto o livro A Origem das Espécies e adiava sua publicação preocupado com a Igreja, quando Wallace surgiu tentando publicar algo parecido.

Hal Foster fez uma exposição nos Estados Unidos exibindo sua coleção particular de objetos do período do seu Príncipe Valente. Conforme notícias, algo pode ter sido feito em termos de desenhos nos anos 50.

O que as enciclopédias americanas, espanholas, italianas e francesas escrevem é que (os franceses destacam) nossa Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos foi a primeira exposição didática sobre bandes dessinées.

A exposição brasileira de 18 de junho de 1951 tentava empiricamente, provar que quadrinhos eram uma forma de arte. Hoje, reivindica-se o termo Nona Arte para os comics. Naquela exposição, ligava-se as HQs ao cinema (com Orson Welles, Fritz Lang) e à literatura (com John Steinbeck, Thomas Mann, Dorothy Parker, Dashiel Hammett), mas observava-se que era uma expressão própria. Antevendo as teorias de comunicação de massa, usou-se o termo “expressão”, tirado do cinema expressionista alemão. Hoje, é “linguagem”. Hoje (e num passado recente), Fellini, Alain Resnais, Picasso, Umberto Eco, cineastas, artistas e escritores se confessam criados artisticamente lendo gibis. Houve duas sessões em cinemas de 35 mm exibindo filmes relacionados com comics. Um curta da RKO, e longas. Um painel analisava três quadros de Foul Play, uma aventura de The Spirit. Os mesmos três quadros foram usados pelo autor, Will Eisner, para explicar a arte seqüencial no seu livro muitos anos depois de 1951! Um original enviado por Milton Caniff mostrava o caminho de um desenho, sua redução, flan e publicação no jornal diário, prevendo a massificação e difusão internacional dos comics, conforme teorias atuais.

Depois de nossa exposição, Lucca, Roma, Paris, Nova York, San Diego, Buenos Aires, Barcelona, Angouleme, o mundo todo apresenta ou apresentou exposições modernas com palestras, exibição de filmes no mesmo nível cultural e enfoque pioneiro de 1951.

O Brasil participou e participa do movimento internacional de comics desde que o Professor Francisco Araújo fez o primeiro curso universitário em Brasília sobre quadrinhos, e Sérgio Augusto publicou uma seção diária focalizando exclusivamente histórias em quadrinhos. E agora, nosso País participa com artistas brasileiros publicando e recebendo prêmios em todo o mundo dos comics.

Acima, Rip Kirby, de Alex Raymond, um dos originais expostos em 1951.
Todas as imagens que ilustram este texto podem ser ampliadas.

O futuro era assim!


Quando o jornalista William Ritt e o desenhista Clarence Gray, criadores de Brick Bradford, e o genial Alex Raymond, autor de Flash Gordon, começaram a publicar seus trabalhos respectivamente em 1933 e 1934, o futuro parecia muito distante e o século 21 era uma fantasia quase inatingível, concebida apenas através das aventuras de ficção-científica! Hoje já vivemos os primeiros 10 anos do século 21 e estamos começando a segunda década! Bem vindo ao futuro!
Clique na imagem para ampliá-la em ótima resolução.

Vae acabar o mundo

Primeiro quadrinho de Flash Gordon no Planeta Mongo, de Alex Raymond

A primeira aventura do segundo herói espacial das histórias em quadrinhos*, Flash Gordon no Planeta Mongo, de Alex Raymond, foi lançada no Brasil através do trabalho pioneiro do jornalista Adolfo Aizen que publicou a série a partir do terceiro número do Suplemento Infantil (que mais tarde passaria a se chamar Suplemento Juvenil), em 28 de março de 1934, portanto 80 dias após a sua publicação nos Estados Unidos. Isso foi um grande feito para os padrões da época. Os leitores brasileiros tiveram a oportunidade de conhecer um dos maiores personagens da era de ouro dos quadrinhos antes de países como a França e a Inglaterra.

Podemos dizer que foi graças a esse personagem que a saga multimilionária de George Lucas – Guerra nas Estrelas – chegou às telas de cinema. É que o diretor, que sempre foi fã de Flash Gordon, queria filmar as aventuras espaciais do herói, mas o produtor Dino de Laurentis, que na época detinha os direitos do personagem para cinema, não topou. Frustrado, mas não derrotado, Lucas criou sua própria saga e inesquecíveis personagens, como Luke Skywalker, Hans Solo e Princesa Leia.
(Para ir à página de Guerra nas Estrelas no site Adoro Cinema, clique no link)

* O primeiro herói espacial foi Buck Rogers…