Imagine uma época muito mais inocente do que a atual. Imagine um país recentemente saído de uma ditadura das mais cruéis, cujo governante as pessoas fariam voltar ao poder, algum tempo depois, pelo voto direto. Imagine uma nação saída de uma época de racionamentos feitos em nome de uma guerra em que foi coagida a combater.
Uma época sem televisão, em que futebol se via no estádio ou se ouvia pelo rádio, onde também habitavam os artistas favoritos e muitas vezes os heróis mais queridos.Imagine uma época em que crianças podiam brincar nas ruas das grandes cidades sem nenhum receio maior do que ter um joelho esfolado. Um tempo em que, ao entrar num cinema, uma entrada lhe dava direito a assistir a um desenho, um noticiário, um episódio de um seriado de aventuras e, por fim, o filme principal.
Imagine uma época em que o maior “crack da pelota” tinha o apelido de “Diamante Negro” (aliás, o chocolate tem esse nome por causa dele, o centroavante Leônidas da Silva); a maior cantora, Carmen Miranda, era “A Pequena Notável”; uma cidade como São Paulo era chamada de “Terra da Garoa”; e o presidente era “O Primeiro Mandatário da Nação”.
Só mesmo imaginando um país assim, numa época tão distante, você entenderá por que aquela nova editora que surgia no Rio de Janeiro logo ganhou o apelido de “O Reino Encantado das Histórias em Quadrinhos”.
Com estes parágrafos acima, publicados no excelente site Universo HQ, Toni Rodrigues inicia uma bela homenagem a uma das mais simpáticas editoras que já existiram no país: a Editora Brasil-América Ltda, ou simplesmente Ebal. Hoje, a casa publicadora de Adolfo Aizen estaria fazendo 62 anos, mas o texto foi publicado há dois anos, com o título de Ebal 60 anos: uma celebração.
Leia e descubra várias pequenas curiosidades sobre suas publicações. Saiba que um dia Lois Lane, a namorada do Super-Homem, foi chamada de Míriam; que Aquaman era o Homem-Submarino, e que a hoje famosa Mulher-Maravilha era Miss América, num óbvio contraponto feminino ao Capitão América (afinal eles são o casal mais bandeira dos quadrinhos). Heróis como Elektron e Gavião Negro foram batizados pela editora e ainda hoje são assim conhecidos. O autor não esquece dos quadrinhos nacionais (como O Judoka, que um dia foi parar no cinema) e, claro, da chegada da Marvel à editora (e ao Brasil). Ao mesmo tempo em que você lê o artigo do Toni, ainda pode matar as saudades das publicações da editora (ou conhecê-las), pois o texto é ilustrado com diversas capas inesquecíveis.
Mas se você quer ver mais capas digitalizadas da Ebal, não deixe de visitar a área reservada à editora no site GibiHouse. Nessa página há sete links. Cada um deles leva a um grupo de revistas onde são encontradas imagens em ótima resolução da maioria das revistas publicadas pela empresa. É uma viagem visual pela história da Ebal.
O texto do Toni foi dividido em duas partes. A primeira parte pode ser lida clicando-se aqui. A segunda parte está aqui. Há também três galerias com imagens de capas de revistas que podem ser visitadas a partir dos links publicados no final do texto.
Aproveite sua visita ao Universo HQ e leia a resenha escrita por Sidney Gusman sobre o livro A Guerra dos Gibis, de Gonçalo Júnior, publicado pela Companhia das Letras. Esse livro é imperdível para quem se interessa pela história dos quadrinhos no Brasil (mas é bom saber que Adolfo Aizen detestava o termo “gibi”, que era marca de seu concorrente).
Se você gosta de wallpapers, conheça alguns que fiz a partir de imagens que digitalizei nas revistas da Ebal, clicando aqui. Leia também o que foi publicado sobre a Ebal neste blog clicando aqui (ou no menu ao lado).