O início do Planeta dos Macacos


Sempre desconfio quando Hollywood anuncia uma seqüência de um filme que fez muito sucesso. Se a produção não foi pensada para ter uma seqüência, muitas vezes isso significa um desastre. Várias dessas “continuações” só existem porque os produtores utilizam a força e a popularidade da produção original para criar novos filmes (normalmente muito piores do que o primeiro) e centenas de produtos paralelos que ampliam o lucro de maneira exponencial. É o que chamamos  hoje em dia de “franquia”.

Um caso típico foi o que Hollywood fez com o clássico O Planeta dos Macacos, de Franklin J. Schaffner, com Charlton Heston, Roddy McDowall, Kim Hunter (esse trio aparece na foto de cima, não necessariamente nessa ordem), Maurice Evans, James Whitmore e Linda Harrison, modelo que se tornou um ícone de sensualidade da época, mesmo sem dizer uma única palavra no filme (e nem precisava falar, cá entre nós). Com roteiro genial de Michael Wilson e Rod Serling baseado no livro de Pierre Boulle, sempre achei que esse era um filme com uma história que não precisava de uma “continuação”. É uma história fechada, bem acabada.

Mas (e sempre existe um “mas”) Hollywwod via “cifrões” no lugar de “cinema” e resolveram criar uma continuação. E depois, viram que a coisa deu certo (para as contas bancárias, claro) e, por incrível que pareça, fizeram outra, e mais outra e depois outra, e por aí foi. Criaram até uma série de televisão e desenhos animados (além de todos os produtos paralelos possíveis). Todas, absolutamente todas as continuações do filme de 1968 são abomináveis. Nada se salva! Na minha opinião, essa “franquia” simplesmente não existiu. Inclusive aquela “releitura” que Tim Burton dirigiu em 2001; outra bomba que só confirma que esse diretor não é tão genial como muitos fazem questão de afirmar.

Por isso, quando soube que estavam produzindo Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes) e o protagonista seria o insosso James Franco pensei “notícia ruim nunca vem sozinha”. Imaginei que esta seria mais uma produção a se aproveitar do prestígio do filme de Schaffner. Ledo engano! Para felicidade geral da nação, o filme de Rupert Wyatt que está sendo lançado em blu-ray/dvd, é brilhante. Muito inteligente, o roteiro de Rick Jaffa e Amanda Silver tem um conteúdo sociológico e antropológico admirável, respeita o clássico estrelado por Charlton Heston além de fazer diversas referências ao Planeta dos Macacos original. Nem James Franco e nem a modelo Freida Pinto estragam o filme. Nem os efeitos especiais, que são usados apenas como uma ferramenta para dar credibilidade à história, pois o roteiro se sustenta sozinho e prende a atenção de quem assiste essa produção bastante original. Sim, porque de uns tempos pra cá há cada vez mais filmes com roteiros inconsistentes que precisam lançar mão de um turbilhão de efeitos especiais para anestesiar o público-pipoca.

Nem tudo é perfeito, claro. O orangotango criado no circo que consegue interagir com César é um artifício que os roteiristas usaram para resolver um probleminha na história e essa solução ficou forçada. Mas uma ou outra pequena falha não consegue estragar o prazer de assistir a esse filme e certamente vale a pena tê-lo em sua filmoteca, ao lado de, é claro, O Planeta dos Macacos, de 1968. Agora sim, sabemos como tudo começou!

Como peça promocional, a Fox distribuiu a imagem acima, de um poster-teaser do filme num cenário um pouco diferente. Sim, atrás de César aparece a Ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, que já se tornou um dos cartões postais da Cidade de São Paulo.

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Uma odisséia 40 anos depois…

2001, Uma Odisséia no Espaço - CLIQUE PARA AMPLIAR ESTA FOTO EM ÓTIMA RESOLUÇÃO
Os jovens queriam mudar o mundo. Mas eram assassinados em manifestações. A guerra fria confrontava as duas maiores potências mundiais numa corrida armamentista nuclear e impulsionava a corrida espacial. A tecnologia buscava decifrar os enigmas do espaço dando o primeiro passo para a conquista da Lua. Em janeiro de 1968 a sonda Surveyor 7 pousaria com sucesso no satélite terrestre e, antes que o ano terminasse, as naves Apollo 7 e 8 seriam lançadas em direção à Lua. No dia 3 de abril, Martin Luther King proferiu seu aclamado discurso em Memphis – Tennessee, dizendo que tinha um sonho. No dia seguinte ele seria assassinado. O ano era 1968 e para alguns ele não acabou.
2001, Uma Odisséia no Espaço - CLIQUE PARA AMPLIAR ESTA FOTO EM ÓTIMA RESOLUÇÃO
Mas, foi também em abril de 1968 que o mundo viajaria para o futuro, chegaria a 2001 para fazer uma odisséia inimaginável ao espaço, dentro das salas de cinema. Os geniais Stanley Kubrick, cineasta, e Arthur C. Clarke, escritor, levaram os espectadores a uma fascinante epopéia pela história da humanidade no mais importante filme de ficção-científica já realizado. 40 anos depois, 2001, Uma Odisséia no Espaço (2001, A Space Odissey) ainda é o melhor e é para ser visto e revisto. Tudo nele é grandioso, quase indescritível.
Keir Dullea em 2001, Uma Odisséia no Espaço - CLIQUE PARA AMPLIAR ESTA FOTO EM ÓTIMA RESOLUÇÃO
A melhor definição que encontrei para esse filme foi no guia 300 Filmes Para Ver Antes de Morrer: “2001 é a Mona Lisa em movimento”. Fantástico! É exatamente isso! O único problema desta obra-prima é que ela tem que ser assistida com estilo! Não adianta uma televisão qualquer. O ideal é assisti-la no cinema! Mas se você, pobre mortal, não teve essa chance numa das várias reprises exibidas nos cinemas, não ouse assisti-lo num ambiente qualquer! Tem que ter tela grande (muito grande), som perfeito e ambiente escuro! 2001 exige respeito para que o espectador possa viajar em suas sensações.

Planeta dos Macacos - CLIQUE PARA AMPLIAR ESTE POSTERE foi assim, numa tela de cinema, que a odisséia espacial e seu realizador, Stanley Kubrick, foram homenageados na 41ª edição de Sitges – Festival Internacional de Cinema de Catalunya, que terminou há quase um mês (no dia 12 de outubro). Sitges é o primeiro festival de cinema fantástico do mundo e também completou 40 anos. Ele foi criado em 1968 e era chamado de Semana Internacional de Cinema Fantástico e de Terror. Outra homenagem feita pelo festival em 2008 foi para a atriz Linda Harrison, que se imortalizou como Nova, a personagem de uma única palavra e se tornou um ícone através de outro grande filme de ficção-científica lançado também em 1968: Planeta dos Macacos (Planet of the Apes).

Como se vê, naquele ano o mundo viajava pelo espaço nos cinemas também.

Sitges08 poster - CLIQUE PARA AMPLIAR ESTE POSTER EM ÓTIMA RESOLUÇÃOEm 2008 as histórias são outras e o futuro ainda não chegou. Sob Controle (Surveillance) de Jennifer Lynch, a filha do veterano diretor David Lynch, foi o grande vencedor deste ano, com o prêmio de Melhor Filme. Dois brasileiros saíram bem do festival: Fernando Meirelles com Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness), que recebeu o Grande Prêmio do Público e José Mojica Marins, com A Encarnação do Demônio, que recebeu o Prêmio Midnight X-Treme. Já, o prêmio de Melhor Direção foi dado ao diretor coreano Kim Jee-woon, pelo filme O Bom, O Mau, O Bizarro (The Good, The Bad, The Weird), um western spaghetti oriental divertidíssimo. Aliás, o oriente está fazendo faroeste italiano como ninguém! :>) Mas, isso é outro assunto… O importante é que – se você gosta de cinema fantástico – visite o ótimo site do Festival de Sitges e dê uma olhada na página dos trailers. Em 2009, Alien será o passageiro do festival! Vamos aguardar por fortes emoções!
Julianne Moore e Mark Ruffalo, Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness) - CLIQUE PARA AMPLIAR ESTA FOTO EM ÓTIMA RESOLUÇÃO O Bom, O Mau, O Bizarro (The Good, The Bad, The Weird) - CLIQUE PARA AMPLIAR ESTA FOTO EM ÓTIMA RESOLUÇÃO
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