Hoje, 27 de abril, não é um dia qualquer. Neste dia, no ano de 1953, nascia em Afuá, pequena cidade ao norte do Pará conhecida como “Veneza Marajoara”, um dos grandes desenhistas dos quadrinhos brasileiros: o talentoso Antonino Homobono Balieiro, ou simplesmente “Tonho”, como era chamado pelos seus familiares. Como me informou Karla Balieiro, a simpática sobrinha desse grande mestre do desenho, ele foi o décimo filho de Raimundo Marques Balieiro e Carminda Homobono Balieiro, de um total de 12 que o casal teve. Aos 3 anos a família se mudou para Macapá, capital do Amapá, onde passou a infância. Fez o Primário na Escola Alexandre Vaz Tavares e o Ginásio na Escola Integrada de Macapá, antigo Ginásio de Macapá (equivalentes ao Ensino Fundamental). Antonino cursou o Ensino Médio (antigo Científico), no Colégio Amapaense. Autodidata, ele chamava a atenção de todos desde bem jovem por causa de sua grande habilidade artística quando fazia caricaturas e desenhos em vários estilos. Trabalhou na Escola Cândido Portinari até trocar Macapá por Belém (PA) e, logo em seguida, por Imperatriz (MA). Finalmente, em 1974, tomou a decisão de se mudar para o Rio e tentar se matricular na Escola de Belas Artes. Obviamente ele foi aprovado no curso mas… perdeu a inscrição porque nunca acreditou que passaria! Quando tomou coragem para ver o resultado, Antonino viu o seu nome na lista dos aprovados como desistente!
Se bem o conheço, isso era típico do Antonino. Longe de ter medo do fracasso, o mestre do desenho era avesso a concursos e formalidades burocráticas. Afinal, por que fazer algum teste para estudar numa escola de Belas Artes? Isso era totalmente desnecessário, principalmente para quem tem talento! Deveria ser uma obrigação ter vaga. Era o que certamente passava pela cabeça dele. Então, ele optou por deixar de lado essa “chance”. Perdeu a Escola de Belas Artes um aluno absolutamente brilhante e o Brasil ganharia, bem mais cedo, um artista de mão cheia! Logo ele estaria produzindo as aventuras do Falcon em quadrinhos, desenvolvendo projetos para a Rio Gráfica e Editora (hoje, Editora Globo) e desenhando histórias de faroeste e terror para a Vecchi e Bloch. Além de fazer trabalhos free-lancer para diversos estúdios de arte e agências de publicidade.
Os desenhos acima são da fase da Bloch Editores. No topo, a primeira página da história Vingança de Vampiro, do Drácula, publicada na revista Capitão Mistério n°6, da Bloch Editores. Esta outra é uma página da história Sementes do Mal, também do Drácula, publicada na revista Capitão Mistério 28. Aliás, Antonino é considerado um dos melhores desenhistas de histórias do Príncipe das Trevas no Brasil. Mas ele era eclético. Além de diversas capas de faroeste para livros de bolso, esse artista incansável fez também desenhos para diversas capas de vídeo em algumas das empresas em que trabalhei. Entre elas, ele ilustrou capas para National Kid, Pernalonga, Patolino, Freddy Krueger, Gasparzinho e Betty Boop. Estes dois, por exemplo, aparecem no desenho ao abaixo, para uma capa de vídeo com uma seleção de desenhos animados clássicos.
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