Quadrinhos’51: uma exposição grandiosa


Você gosta de ver originais de histórias em quadrinhos? Então não perca a Exposição Quadrinhos’51, que foi criada para homenagear os grandes mestres das Histórias em Quadrinhos nacionais das décadas de 40 a 70 e também para lembrar aquela que é considerada a primeira exposição didática internacional de Histórias em Quadrinhos do mundo, organizada em São Paulo em 1951 por Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado.

Quadrinhos’51 ficará aberta ao público até o dia 26 de maio no Museu Belas Artes de São Paulo (MuBA), onde estarão expostos desenhos originais de alguns dos mais importantes artistas desse período, além de esboços e de publicações raras editadas nessas décadas.

No alto, desenho de uma página de quadrinhos de Eugênio Colonnese para a revista Mirza, A Mulher-Vampiro. Ao lado, Raimundo, o Cangaceiro, de José Lanzellotti.

O público terá uma chance raríssima de ver de perto a técnica e o talento de desenhistas que produziram obras inesquecíveis numa época em que as histórias em quadrinhos eram perseguidas violentamente por setores da sociedade que insistiam em desqualificar essa arte com argumentos preconceituosos. Mas, a despeito de toda a intolerância, os quadrinhos se impuseram como uma nova linguagem através da força dessa geração de profissionais.

Os originais estão marcados pelo tempo e alguns têm colagens e instruções para impressão, e dão a exata dimensão de como eram produzidos os quadrinhos naquele tempo, além de mostrar a técnica de cada desenhista.

Dentre os trabalhos selecionados, o público dessa mostra poderá apreciar artes-finais de Jayme Cortez, Gutemberg Monteiro, Álvaro de Moya, Antonino Homobono Balieiro (acima), Primaggio, Rodolfo Zalla, Shimamoto, André Le Blanc, Eugênio Colonnese, José Lanzelotti, Izomar, Rubens Cordeiro entre outros gênios do traço. A Exposição Quadrinhos’51 também mostrará originais de desenhistas estrangeiros como E.T. Coelho, Will Eisner, Jerry Robinson, Jim Davis, Mort Walker, Leonard Starr, Serpieri.

Publicações raras de inestimável valor histórico também são exibidas graças ao zêlo de nosso amigo, o colecionador Adriano Rainho, que cedeu gentilmente exemplares de O Pato Donald, n°1; Pererê, n°1, do Ziraldo (acima); Raio Vermelho n° 10 (de 1951), Capitão Radar, Zas Traz número 1 (a revista editada por Jayme Cortez que publicou as primeiras histórias em quadrinhos do Mauricio de Sousa) e muitos outras raridades. Do acervo de Álvaro de Moya o visitante verá também preciosidades como a revista Mad n° 11, de 1954; El Corazón Delator, adaptação de Breccia em formato gigante da obra de Edgar Alan Poe impressa em serigrafia e revistas número 1 da Turma da Mônica editadas na Europa. Há também Raimundo, o Cangaceiro, números 1 e 2, de José Lanzellotti, cedidas por sua filha Jussara; além dois exemplares de O Tico-Tico e O Globo Juvenil, de 1949.

Entre as obras expostas, o visitante irá encontras este desenho para a capa da revista Casper (Gasparzinho), que Gutemberg Monteiro fez nos Estados Unidos, onde trabalhou durante 40 anos. O MuBA fica na Rua Dr. Álvaro Alvim, 76, em Vila Mariana, perto do Metrô. Para saber como chegar, CLIQUE AQUI. Visite também o site Quadrinhos’51, e conheça a programação de debates que acontecem todos os sábados a partir das 14 horas.

Os papa-fina da profissão

Na revista Reis do Faroeste – 3ª série, número 14, de fevereiro de 1971 – que, na época, apresentava as aventuras de Cheyenne –, foi publicada na seção Notícias em Quadrinhos, mais outra nota bem interessante sobre os encontros acontecidos durante o 1º Congresso Internacional de História em Quadrinhos. Eis a foto e o texto original:

Adolfo Aizen e os desenhistas papa-fina
Dois editores e cinco grandes do desenho: da esquerda para a direita, vemos Jayme Cortez, Maurício de Sousa, Eugenio Colonnese, Adolfo Aizen, Henrique Lipszic, Nico Rosso e Manuel César Cassoli. No mundo encantado das Histórias-em-Quadrinhos, todos os conhecem. Os editores são da Ebal e da Taika – um do Rio, e outro de São Paulo. Os desenhistas são a papa-fina da profissão. Jayme Cortez, autor de Dick Peter. Maurício de Sousa, o desenhista de Mônica e Cebolinha, é o primeiro brasileiro a industrializar os seus bonecos. Eugenio Colonnese, que se destacou com a Chamada Geral, edição comemorativa do 25º aniversário da Editora Brasil-América e agora ilustrando grandes feitos da História do Brasil: Independência, Libertação dos Escravos, República e outros. Enrique Lipszie, diretor da Escola Pan-Americana de Arte, movimentando centenas de siderados pelas histórias-em-quadrinhos. O grande Nico Rosso, nosso amigo de muitos anos, autor de uma grande parte das quadrinizações de Grandes Figuras do Brasil e de dezenas de quadrinizações de romances brasileiros para Edição Maravilhosa. Poucas vezes juntaram-se tantos heróis numa só fotografia. Mas tal fato ocorreu por ocasião do Congresso Internacional de Histórias-em-Quadrinhos, realizado em São Paulo. E a foto foi tirada na recepção que Enrique Lipszic ofereceu aos congressistas, em sua residência de Santo Amaro.